terça-feira, 5 de agosto de 2008

Poema

Dedicado a minha insuportável ansiedade...


Pensamento vem de fora

E pensa que vem de dentro,

Pensamento que expectora

O que no meu peito penso.

Pensamento a mil por hora,

tormento a todo momento.

Por que é que eu penso agora

sem o meu consentimento?

Se tudo que comemora

Tem o seu impedimento,

se tudo aquilo que chora

cresce com o seu fermento;

pensamento dê o fora,

saia do meu pensamento.

Pensamento vá embora,

desapareça no vento.

Eu não jogarei sementes

Em cima do seu cimento.

Arnaldo Antunes

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